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Cartografia da Seca # 5652

Cartografia da Seca

As dezesseis fotografias que compõem o ensaio Cartografia da Seca foram feitas durante dois sobre-vôos de longa duração. Um deles, sobre a reserva biológica da caatinga Serra Negra no município de Floresta, PE; e outro sobre os cursos d’agua dos rios Piranhas e Açú, que percorrem a região conhecida como Carirí, nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte.
Apesar da construção de grandes barragens, a bacia do Rios Piranhas-Açú padece de intermináveis secas e grande parte de seu percurso passa grande parte do ano sem água, transformando esta região em uma das mais inóspita do Semi-árido nordestino. 

Sobrevoar estas regiões de três estados do nordeste do Brasil no período mais agudo da seca, me levou a este ensaio  fotográfico a partir da noção de arte fotográfica cenestésica, conceito desenvolvido por Philippe Dubois em O Ato Fotográfico e Outros Ensaios, associando a fotografia aérea a produção da arte abstrata. 

A fotografia aérea coloca-nos diante de uma realidade transformada em algo que necessita de uma decodificação… Se toda a fotografia promove e aprofunda nosso fantasma de uma relação direta com o real, a fotografia aérea tende – pelos próprios meios da fotografia – a perfurar a película desse sonho.” (Phillip Dubois. O Ato Fotográfico, p. 262)

Na Cartografia da Seca, a opção pelo plano fechado é um recurso que aproxima o enquadramento das texturas, manchas paisagísticas sem horizontes, sem saídas e sem escapes, impossibilitando a fuga onírica das vastas planícies de belezas contemplativas. São retratos de um lugar em desencanto, a paisagem sem fuga, opressora como o sol escaldante, a terra seca, onde quase não se vê vida. 

As fotografias aéreas Cartografia da Seca se revelam “cenestesicas” ao propor um silêncio opressivo, como o silencio que se sente após um terrível desastre. Um filme envelhecido tingido de terra e sol. O tempo parado, testemunhando o longo percurso da ausência. Resquícios de água, caminhos de areia, o sentimento do abandono. A triste beleza da forma, o arranjo das linhas, lembranças de um lugar que se foi – passado, presente, e futuro. Cenário apocalíptico pleno de quietude. Um lugar onde a vida é imaginação, sonho e espera. 

Fred Jordão. Recife, 2019. 

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